Quando eu tinha uns 11 anos, engordei muito mais do que o normal para uma criança da minha idade. Isso, aliado ao crescimento, fizeram com que surgissem estrias em boa parte do meu corpo - coxas, braços, peitos, parte de trás dos meus joelhos. Mas como eu era jovem demais e não entendia direito o que aquelas marcas significavam, simplesmente aceitei que eram partes novas de mim. Cresci com a ideia de que me pertenciam, de que eram normais, de que sempre estiveram lá.
Demorei muitos anos até que a sociedade me ensinasse o que eram estrias, e que eram coisas para serem desprezadas. Felizmente, não prestei atenção direito nessas suas lições - talvez porque não fizessem muito sentido pra mim (como algo que sempre foi parte de mim, que nunca fez mal à ninguém, poderia ser tão preocupante?), e continuei sem me importar muito. Mas e as pessoas que não são tão desligadas quanto eu? E as pessoas que realmente foram obrigadas a acreditar que partes importantes e belas delas devem ser, na verdade, motivo de vergonha?
Me preocupo com elas e torço com toda a minha alma para que sejam poupadas da escola do auto-desprezo. Eu sei que a sociedade é cruel, e eu, em pleno 2020, já estou cansada demais para achar que vai mudar no curto prazo. Mas, nos cercando das pessoas certas - que nos amam e acreditam em nós, independentemente das cicatrizes que carregamos nos nossos corpos, dentro e fora -, tenho esperança de que consigam encontrar paz em si mesmas, algum dia.
Afinal, enquanto o ódio precisa ser ensinado, o amor vem naturalmente.
🧁🧁🧁
Tweet não-relacionado do dia, já que estou emotiva e quero continuar falando de amor:
Uma das declarações de bae mais importantes pra mim.
— Fernanda Nia ainda está em 🏡 (@ComoEuRealmente) August 6, 2020
Há alguns anos, eu tinha descoberto nódulos na tireoide e ainda não sabia se eram tumores malignos. Estava em pânico. Não sabia o q fazer. Ele disse:
"Vai ficar tudo bem, independente do que vier. Vou cuidar de você." https://t.co/wEF4QgTyQB
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